- 'Bom dia, amigo! Queria um pouco de mel. Você tem?'.
- 'Bom dia, pastor! Claro que tenho. Pega uma tigela e traz aqui!'.
E assim, com sorrisos e boas maneiras os dois conversavam quando, de repente, uma gota de mel caiu no chão. Imediatamente uma mosca posou nela. O gato do camponês deitado que estava, ouvindo o zunido da mosca abriu um olho e aproximou-se bem devagarzinho do inseto. De repente com uma patada matou a mosca. Mas o cão que estava atento pulou encima do gato, sufocou-o debaixo dele, mordeu-o e por fim matando-o jogou-o longe.
- 'Meu gato! Meu gato!' gritou o camponês. 'Meu único companheiro, você o matou!' e pegando um espeto de ferro que estava a mão, enfiou-o goela abaixo do cachorro.
- 'Seu canalha, patife, safado!' gritou o pastor. 'Você matou o meu ganha-pão, meu fiel companheiro, guardião das minhas ovelhas.' e levantando o cajado desferiu terrível golpe na testa do camponês que se estatelou no chão dando o último suspiro.
Um vizinho que passava presenciou a cena e começou a gritar:
- 'Assassino! Mataram o nosso amigo! Venham ver'.
A aldeia toda acorreu. Homens, mulheres, crianças, pais, mães, filhos, filhas, irmãos, irmãs, sogros, sogras, noras, genros, cunhados, cunhadas acorreram e vendo o pastor com o cajado na mão começaram a apedrejá-lo. Pouco depois o forasteiro desabou e foi trucidado ali mesmo.
Um compatriota do pastor que estava presente, logo correu para a aldeia vizinha e começou a gritar:
- 'Mataram nosso pastor! Os covardes atacaram-no todos juntos! Não lhe deram chance! São assassinos!'.
A aldeia inteira se levantou e marcharam em direção a aldeia vizinha, alguns com espingardas, outros com picaretas, espadas, pás, pedaços de pau, machado, alguns a cavalo outros a pé, gritando: 'Que tipo de gente é essa? Um pobre rapaz vai fazer compras e é assassinado! Que costume bárbaro! São verdadeiros selvagens! Vamos vingá-lo! Vamos!'.
E deu-se uma verdadeira batalha. Era para ver quem mataria mais. Com gritos selvagens engalfinhavam-se. O sangue, feito rio, corria pelas ruas. E tudo se acalmou quando não havia mais ninguém dos dois lados.
Esses vilarejos situavam-se de um lado e de outro da fronteira de dois países. Quando o rei de um deles soube do acontecido, convocou seus ministros e disse:
- 'Acabo de ser informado que nossos vizinhos atravessando a fronteira, vieram para massacrar nosso povo. Não podemos tolerar tal agressão. Que nosso exército seja mobilizado. Vamos atacar esse país de covardes!'
O outro rei, por seu turno, fez exatamente o mesmo. Iniciou-se então uma guerra sangrenta que durou anos e anos, semeando terror, fome, e desgraça.
Quando os países ficaram exauridos, a guerra acabou. Os sobreviventes, nunca souberam o motivo dessa guerra.
Muitos anos mais tarde, tudo entrou na normalidade. Tudo foi esquecido pelas novas gerações e as pessoas voltaram a comprar mel ou vinho, sendo bem atendidos nos dois lados da fronteira.
Moral: as guerras começam quase sempre por motivos fúteis."
Fonte:
http://www.armenia.brasil.nom.br/contos.htm
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