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Princesa Francisca e a Criação de Joinville


Em 1837, Francisco Fernando de Orléans, aportou no Brasil a caminho da ilha de Santa Helena, onde deveria buscar os restos mortais de Napoleão Bonaparte e levá-los de volta à França. Durante sua escala, ele foi recebido pelo imperador D. Pedro II e conheceu sua irmã, a jovem princesa D. Francisca.

Ele retornou ao Brasil em 1843, casando-se com a princesa no dia 1º de maio daquele mesmo ano e tornando-se o príncipe de Joinville, uma comuna francesa. O casal seguiu então na fragata La Belle Poule para a França.


Dote

Dom Pedro II sancionou uma lei (n° 166 de 29 de setembro de 1840) que garantia o dote que caberia à princesa.



Princesa Francisca de Bragança.


Após estudo e consultas, foi decretado mais tarde que este patrimônio em terras pertencentes à Nação deveria ser de 25 léguas quadradas e localizado na Província de Santa Catarina, entre os rios Pirabeiraba e Itapocu, nas proximidades da baía de São Francisco. Esse patrimônio transferido para o domínio particular da Princesa Dona Francisca, passou a ser conhecido por "Domínio Dona Francisca" e aí a origem do seu nome. Para proceder a medição das terras dotais da Princesa Dona Francisca foi designado Jerônimo Francisco Coelho, Tenente Coronel do Corpo Imperial de Engenheiros. As terras assim demarcadas abrangiam a área de 155.812 hectares.


Por volta de 1843, esta região era quase inteiramente virgem, apenas encontrando alguns moradores da orla marítima e no Planalto de Campo Alegre.

O dote de D. Francisca era de um milhão de francos, ou seja, 750 contos de réis, e incluía terras no atual estado de Santa Catarina, com 25 léguas quadradas (três mil braças), no nordeste da província, à margem esquerda do rio Cachoeira, onde atualmente é a cidade de Joinville. A região havia sido delimitada dois anos por D. Pedro II para compor o dote da irmã, e por isso recebera o nome de Colônia Dona Francisca. Com a celebração da união, a colônia passou à soberania do príncipe de Joinville, adquirindo assim o nome de Joinville. Apesar disso, a coroa francesa tinha desejado as terras próximas da Guiana Francesa.


Na Europa

Na corte francesa, a educada e bela D. Francisca logo se tornou uma das princesas mais populares da corte. Era chamada de La Belle Françoise. Tornou-se amiga de uma fidalga brasileira casada com um nobre francês, Luísa Margarida de Barros Portugal, Condessa de Barral.

Em 1848, a monarquia foi extinta na França, e os Orléans seguiram para o exílio. Dotada de espírito combativo, D. Francisca negociou com vigor com os republicanos a fuga de sua família. Exilou-se em Claremont, Inglaterra, e manteve uma intensa troca de correspondência com seu irmão, Dom Pedro II, no Brasil.


Criação de Joinville

Tendo tido todas as suas terras e propriedades na França confiscadas, os príncipes de Joinville negociaram as terras catarinenses com a Companhia Colonizadora Alemã, do senador Christian Mathias Schroeder, rico comerciante e dono de alguns navios. O Príncipe de Joinville e o senador Christian Mathias Schroeder aceitaram organizar a colônia, que seria habitada por europeus. As pessoas que idealizaram foram, além dos já referidos, Léonce Aubé, Jerônimo Francisco Coelho, João Otto, Ottokar Doerffel, Frederico Brustlein e demais indivíduos.



Francisco em 1852.


Em 1849 Léonce Aubé, procurador dos Príncipes de Joinville, firmou contrato com o Senador Christian Mathias Schroeder de Hamburgo para a fundação e colonização das terras. O contrato é aprovado e ratificado em 26 de abril de 1849, pelos Príncipes de Joinville. São entregues gratuitamente ao Senador Schroeder (ou à Companhia que o mesmo teria de organizar) 8 léguas quadradas de terras, obrigando este a colonizá-las com imigrantes trazidos da Europa, ficando a cargo do mesmo todo o trabalho e organização da Colônia.

A organização da Companhia pelo Senador Schroeder com o nome de "Hamburger Kolonisations Verein von 1849", não foi muito fácil. Da data do contrato até a vinda dos primeiros imigrantes demorou-se mais de dois anos.

Os imigrantes (quase todos agricultores) passaram a chegar desde 1851. A barca Colon partiu de Hamburgo transportando os primeiros imigrantes. No dia 9 de março do mesmo ano, a barca chegou ao local e foi fundada a Colônia Dona Francisca. A população foi reforçada com a chegada da barca Emma & Louise, com 114 pessoas.

Assim nasceu a Colônia Dona Francisca. O primeiro diretor da colônia foi o súdito alemão Eduard Schroeder, filho do Senador.

Em 1852, foi decidido que, em homenagem ao príncipe François, a cidade passaria a se chamar Joinville. Em fins do mesmo ano a direção já estava em mãos de outro súdito alemão Benno Frankemberg.

Uma residência foi construída para administrar os bens do Príncipe de Joinville, com um caminho de palmeiras em frente à casa. A casa que foi construída é atualmente o "Museu Nacional de Imigração e Colonização", e a via à sua frente tornou-se a Rua das Palmeiras, hoje atrativo turístico da cidade.


Chegada dos Imigrantes

O veleiro Colon vindo de Hamburgo chegou a ilha da Paz em São Francisco do Sul, Santa Catarina, trazendo os primeiros 124 imigrantes. Na viagem que durou quase 2 meses e meio, morreram 7 passageiros e os responsáveis pela embarcação notificaram a entrada de uma criança, trazida por uma das famílias de forma clandestina. Eram portanto 118 colonos suíços e alemães (maioria suíços) vindos de Hamburgo. Quase no mesmo dia chegam 74 noruegueses procedentes do Rio de Janeiro. Destes, permaneceram 61, retornando 13 a bordo da barca Colon no dia 28 de março.

Estes imigrantes estabeleceram-se às margens do Ribeirão Mathias nas acomodações construídas anteriormente. Um mapa datado de 6 de janeiro de 1860 dá o número de 185 colonos para os primeiros povoadores da colônia, estes estabelecidos desde 10 de março de 1851, data que ficou considerada como oficial da respectiva instalação.


Fonte

https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisca_de_Bragan%C3%A7a

https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco,_Pr%C3%ADncipe_de_Joinville

https://pt.wikipedia.org/wiki/Joinville

https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%B4nia_Dona_Francisca


Referência

  • MÜLLER, Kelly (2007), «Um presente real, terra de sonhos», A Notícia: 12-14.
  • Carneiro 2006, pp. 101-102.
  • El-Khatib, Faissal 1970. História de Santa Catarina, pp. 52-53.
  • Eduard Schroeder. «" Einwanderungs-Journal" (Lista dos primeiros imigrantes da Colônia Dona Francisca)». unmoralisch. Consultado em 22 de junho de 2014

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