Resumo
A origem de tudo está no Jujutsu (柔術), conhecido também por sua forma romanizada antiga "Jiu Jitsu" ou "Jiu Jutsu".
O Jujutsu não é uma arte marcial única, mas um conjunto delas. A história escrita do Jujutsu começou durante o período Nara (c. 710 - c. 794) combinando as primeiras formas de Sumo e várias artes marciais japonesas que eram usadas no campo de batalha para combate corpo-a-corpo. Os estilos mais antigos de Jujutsu conhecidos são Shinden Fudo-ryū (c. 1130), Tenshin Shōden Katori Shintō-ryū (c. 1447) e Takenouchi-ryū, que foi fundado em 1532.
O termo jūjutsu não foi cunhado até o século 17, após o qual se tornou um termo geral para uma ampla variedade de disciplinas e técnicas relacionadas a luta corpo-a-corpo.
Jigaro Kano estudou em vários dojos de jujutsu e aprendeu vários estilos como o tenjin shinyō-ryū e kitō-ryū. Posteriormente, em 1882, ele fundou seu próprio dojo chamado Kodokan ensinando o estilo que ele inventara.
Anos depois um de seus discípulos, chamado Maeda, viajou para o mundo para mostrar o então chamado kano jiu jitsu. Em um dado momento ele veio para o Brasil, para Belém, no Pará, e ensinou a arte a Carlos Gracie.
Tempos depois Carlos e sua família se mudaram para o Rio de Janeiro, onde ele abriu sua escola de jiu jitsu. Lá, ele ensinou seu irmão mais novo Helio Gracie que acabou por desenvolver o jiu jitsu. Os irmãos Gracie foram responsáveis pela criação do que chamaram de "Gracie Jiu Jitsu" e hoje é chamado de "Brazilian Jiu Jitsu".
A arte do mestre Jigoro Kano no entanto foi nomeada como Judo Kodokan. Porém, não havia distinção da sua arte e o Jiu Jitsu tradição no Japão, e no resto do mundo ainda menos. No Ocidente era vulgarmente chamado de "Jiu Jitsu" apenas. Foi somente em 1925 que o próprio governo japonês ordenou oficialmente que o nome correto para a arte marcial ensinada nas escolas públicas japonesas deveria ser "judô".
Maeda morreu sem saber que sua arte ganhara tal nome, e seus discípulos, que também não sabiam, continuaram a usar o termo "jiu jitsu".
Jigoro Kano
Aos 16 anos, o japonês Jigoro Kano decidiu fortificar o corpo, praticando a ginástica, o remo e o basebol. Mas estes desportos eram demasiados violentos para sua débil constituição. Além disso, nas brigas entre estudantes, Kano era sistematicamente vencido. Ferido na sua qualidade de filho de um Samurai decidiu estudar o Ju-jutsu (em japonês: 柔術, mais conhecido na sua forma ocidentalizada Jiu-jitsu, ju-jitsu), uma arte marcial japonesa (Bujutsu).
Quem lhe ensinou os primeiros passos foi o professor Teinosuke Yagi. Posteriormente, em 1877, matriculou-se na Tenjin shinyō-ryū, sendo discípulo do mestre Hachinosuke Fukuda. Em 1879, com a idade de 82 anos, Fukuda morreu e Kano herdou seus arquivos. Tornou-se em seguida aluno do mestre Masatomo Iso, um sexagenário que possuía os segredos de uma escola derivando igualmente do Tenjin Shin'yō-ryū.
Continuando o seu treinamento, Jigoro Kano torna-se vice-presidente da escola. Infelizmente, Masatomo Iso, morreu muito cedo e Kano novamente encontrou-se sem professor. Contudo, Kano continuou a treinar intensamente, mas um bom professor lhe era indispensável. Foi então que procurou o mestre Tsunetoshi Iikubo que lhe ensinou a técnica da escola kitō-ryū. Como Kano até então só praticara sempre as lutas corpo-a-corpo, sempre usando roupas normais, a escola de kitō ensinou-lhe o combate com armadura. Pouco a pouco, Kano fez a síntese das diversas escolas criando um sistema próprio de disciplina, continuando, no entanto, a treinar com o mestre Iikubo até 1885.
Kodokan
Em fevereiro de 1882, Jigoro Kano inaugurou seu primeiro dojô (academia de artes marciais), denominado Kodokan (講道館, ou seja, "Instituto do Caminho da Fraternidade", já que "Ko" significa fraternidade, irmandade; "Do" significa caminho, via; e "Kan", instituto). Este evento é normalmente considerado o nascimento do Judô. O primeiro aluno inscreveu-se em 5 de junho de 1882, chamava-se Tomita. Depois vieram Higushi, Arima, Nakajima, Matsuoka, Amano Kai e o famoso Shiro Saigo. As idades oscilavam entre 15 e 18 anos. Kano albergou-se e ocupou-se deles como se fosse um pai. Foi um período difícil, mas apaixonante, o jovem professor não tinha dinheiro e o shiai-jo media 20m², mas a escola progrediu e em breve tornou-se célebre.
Nos primeiros anos da Kodokan, muitos chamavam a arte marcial lá ensinada de Kano Jujutsu. Até esse momento, Jigoro Kano já tinha treinado alguns estilos de jujutsu, como o Tenjin Shijyo-Ryu – que tinha em seu curriculum técnicas de atemis (socos e chutes), chaves e estrangulamentos – e o Kito-Ryu, que dava ênfase em técnicas de projeção (nage-waza).
"Eu estudei jujutsu não somente porque o achei interessante, mas também, porque compreendi que seria o meio mais eficaz para a educação do físico e do espírito. Porém, era necessário aprimorar o velho jujutsu, para torná-lo acessível a todos, modificar seus objetivos que não eram voltados para a educação física ou para a moral, nem muito menos para a cultura intelectual. Por outro lado, como as escolas de jujutsu apesar de suas qualidades tinham muitos defeitos - concluí que era necessário reformular o jujutsu mesmo como arte de combate. Quando comecei a ensinar o jujutsu estava caindo em descrédito. Alguns mestres desta arte ganhavam a vida organizando espetáculos entre seus alunos, por meio de lutas, cobrando daqueles que quisessem assistir. Outros se prestavam a ser artistas da luta junto com profissionais de sumô. Tais práticas degradantes prostituíam uma arte marcial e isso me era repugnante. Eis a razão de ter evitado o termo jujutsu e adotado o do judô. E para distinguí-lo da academia Jikishin Ryu, que também empregava o termo judô, denominei a minha escola de Judô Kodokan, apesar de soar um pouco longo."
"Na época, alguns especialistas em bujitsu (artes marciais) ainda existiam, mas o bujitsu foi quase abandonado pela nação em geral. Mesmo que eu quisesse ensinar jiu-jitsu, a maioria das pessoas agora havia parado de pensar nisso. Portanto, achei melhor ensinar com um nome diferente, principalmente porque meus objetivos eram muito mais amplos do que o jiu-jitsu."
Kano acreditava que "jūjutsu" era insuficiente para descrever sua arte: embora jutsu (術) signifique "arte" ou "meio", ele implica um método que consiste em uma coleção de técnicas físicas. Conseqüentemente, ele mudou o segundo caractere para dō (道), que significa "caminho", "estrada" ou "caminho", o que implica um contexto mais filosófico do que jutsu e tem uma origem comum com o conceito chinês de tao. Assim, Kano o rebatizou de Jūdō (柔道, judô).
Jigoro Kano desenvolveu as técnicas de amortecimento de quedas (ukemis), bem como criou uma vestimenta especial para o treino do judô (o judogui), pois o uniforme utilizado pelos cultores de jujutsu, denominado hakama provocava freqüentemente ferimentos. A nova arte do mestre tinha duas formas distintas, uma abrangia as técnicas de queda, imobilizações, chaves e estrangulamentos. Essa forma evoluiu para o esporte de combate e a outra parte consistia nas técnicas de golpear com as mãos e os pés, em combinações com agarramentos e chaves para imobilização, inclusive ataques em pontos vitais, atemi waza. Essa forma evoluiu para a defesa pessoal, goshin-jutsu.
Mitsuyo Maeda
Maeda nasceu no povoado de Funazawa, cidade de Hirosaki, Aomori, em 18 de novembro de 1878. Frequentou a escola Kenritsu Itiu (atualmente Hirokou —uma escola de Hirosaki) [7]. Quando adolescente, praticou sumô, mas sentia que faltava o ideal para prosseguir nesse esporte. Por este motivo e devido ao interesse gerado pelas notícias sobre o sucesso do judô, principalmente em competições entre judô e ju-jutsu no qual na maioria das vezes o judô ganhava, que estavam ocorrendo naquela época, ele então mudou para essa arte marcial. Em 1894, aos 17 anos de idade, seus pais lhe enviaram a Tokyo para se matricular na Universidade de Waseda, onde começou a praticar o judô da Kodokan no ano seguinte [7].
Judo Kodokan
Ao chegar à Kodokan, Maeda, com 1,64m e 64 kg, foi confundido com um garoto de entrega, devido a sua origem, tamanho e maneira como se comportava. Então, o fundador do judô, Jigoro Kano prontamente lhe enviou a Tsunejiro Tomita (4 º dan), que era o menor dos professores da Kodokan. Essa atitude foi uma medida tomada para mostrar que, no judô, o tamanho não era importante [7].
O sensei Tomita foi o primeiro judoka da Kodokan e era um amigo próximo de Jigoro Kano. Segundo a Koyassu Massao (9 º dan):
"Entre os quatro Kodokan, foi Tomita que recebeu a maior quantidade dos ensinamentos do sensei Jigoro Kano... isso por que Tomita não foi um tão bem sucedido lutador como Saigo, Yamashita e Yokoyama, mas, foi excepcionalmente aplicado nos estudos, e foi também fluente em língua inglesa..." [7]
Embora um dos mais fracos da Kodokan, Tomita era capaz de derrotar o grande campeão de ju-jutsu desse tempo, Hansuke Nakamura, do estilo tenjin shinyō-ryū [7].
Em 1879, Ulysses S. Grant, o ex-presidente dos Estados Unidos, foi para o Japão. Ainda em Tokyo, ele assistiu a uma apresentação de ju-jutsu na casa de Shibusawa Eiichi, em Asukayama. Jigoro Kano foi um dos presentes [8] [9]. O judô e o jiu-jitsu, ainda não eram considerados disciplinas distintas, nessa época, e mesmo muitos anos após a formação da Kodokan, ambos foram muitas vezes considerados como a mesma arte marcial. Até 1925, não havia uma forte diferenciação dos nomes no Japão [10], e essa diferenciação só foi completada por volta de 1950.
Conde Koma
Foi durante a viagem para a Península Ibérica, que Maeda adotou o nome artístico de Conde Koma. Existem muitas teorias explicando sua origem. Poderia ser uma alusão ao Komaru, que em japonês significa "incomodado", e forneceu uma referência irônica ao fato de sempre estar sem dinheiro [11]. Maeda, certa vez, afirmou a um jornal europeu:
"Um influente cidadão espanhol, impressionado com as minhas vitórias, postura e comportamento, [...] me deu esse título, que em breve espalhados por toda parte em detrimento do meu nome verdadeiro[...]." [12]
Maeda gostava do nome, e começou a usá-lo para promover a sua arte, posteriormente. [12]
No Brasil
Em 14 de novembro de 1914, Maeda chegou ao Brasil. De acordo com publicação do jornal Correio Paulistano, Maeda realizou uma demonstração de Ju-jutsu no Teatro Variedades - Largo do Paissandu na cidade de Santos em 24 de Setembro de 1914. Foi na própria Porto Alegre que fizeram, então, sua primeira demonstração de kano jiu-jitsu (judô) [20]. Depois disso, Maeda e seus companheiros se apresentaram ao longo do país: passando por Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife, São Luiz, Belém. Em 18 de dezembro de 1915 em Manaus [21].
Em 20 de dezembro de 1915, chegaram a Belém, onde se apresentaram no Theatro Politheama. Na ocasião da primeira apresentação em Belém, o jornal da cidade "O Tempo", anunciou o evento, afirmando que "Conde Koma" iria mostrar as principais técnicas do "ju-jutsu" exceto aqueles proibidos. Maeda também demonstrou técnicas de auto-defesa. Depois disso, o grupo começou a aceitar desafios da multidão, e a pedido de todos, houve uma luta sensacional de "ju-jutsu" entre Shimitsu, campeão da Argentina, e Laku, militar peruano e professor.
Em 8 de janeiro de 1916, Maeda, Okura e Shimitsu embarcaram no SS Antony, que partiu para Liverpool. Ito Tokugoro foi para Los Angeles. Satake e Laku foram para Manaus, onde ensinariam ju-jutsu. Após 15 anos juntos, Maeda e Satake haviam finalmente se separado. Desta última viagem, pouco se sabe. Maeda viajou da Inglaterra para Portugal, depois foi para Espanha e, em seguida, para França, voltando para o Brasil em 1917 sozinho. De volta ao Brasil, Maeda fixou-se em Belém do Pará, onde casou-se com May Iris. Depois adotou Celeste e Clívia, suas únicas filhas.
Maeda era popular no Brasil, e reconhecido como um grande lutador, mas ele lutou apenas esporadicamente após o seu retorno. Entre os ano de 1918-1919, Maeda aceitou um desafio do famoso capoeirista brasileiro conhecido como "Pé de Bola". Maeda, permitiu até que Pé de Bola usasse uma faca na luta. O capoeirista, tinha 1,90m e pesava 100 kg. Mas, mesmo armado, Maeda venceu a luta facilmente usando o kano jiu-jitsu (judô). Em 1921, Maeda fundou sua primeira academia kano jiu-jitsu (judô) no Brasil no Clube do Remo.
Em 18 de setembro de 1921, Maeda, Satake, e Okura foram brevemente para Nova York. Eles estavam a bordo do navio a vapor Booth Line SS Polycarp. Todos os três homens foram listados em suas profissões como professores de "juitso" [22].
Foi Koma, ainda, que promoveu o primeiro campeonato de Jiu-Jitsu do país – na verdade, um festival de lutas e desafios para promover o esporte desconhecido.
Os pesquisadores Luiz Otávio Laydner e Fabio Quio Takao encontraram, na Gazeta de Notícias, de 11 de março de 1915, as regras do evento marcado para o teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro, então capital do país. Koma anunciava as primeiras regras do nosso Jiu-Jitsu, um regulamento com dez leis simples:
- Todo lutador deverá se apresentar decentemente, com as unhas das mãos e dos pés perfeitamente cortadas;
- Deverá usar traje kimono, que o Conde Koma lhe facilitará;
- Não é permitido morder, arranhar, pegar com a cabeça ou com o punho;
- Quando se fizer uso do pé nunca se fará com a ponta e sim com a curva;
- Não se considera vencido o que tenha as espáduas [costas] em terra ainda que tenha caído primeiro;
- O que se considera vencido o demonstrará dando três palmadas sobre o acolchoado ou sobre o corpo do adversário;
- O juiz considerará vencido o que por efeito da luta não se recorde que deve dar três palmadas;
- As lutas se dividirão em rounds ou encontros de cinco minutos por dois de descanso. Tendo o juiz de campo que contar os minutos em voz alta para maior compreensão do público;
- Se os lutadores caírem fora do tapete, sem que nenhum deles tenha avisado, o Sr. Juiz deve obrigá-los a colocar-se de novo no centro do acolchoado, em pé, frente a frente;
- Substituirão em suas obrigações ao sr. Juiz os srs. Jurados. Nem a empresa nem o lutador que vencer é responsável pelo maior mal que possa sobrevir ao vencido, se por tenacidade não quiser dar o sinal convencionado para terminar a luta e declarar-se vencido.
* Ficam convidados os doutores em medicina, os representantes da imprensa local e os professores de física e esgrima que se encontrarem no recinto a tomar parte no júri.
Em maio de 1927, naturalizou-se como cidadão brasileiro. Maeda continuou também a ensinar o kano jiu-jitsu (judô), principalmente para os filhos dos imigrantes japoneses. Consequentemente, em 1929, o Kodokan lhe promoveu ao sexto dan. E em 27 de novembro de 1941, ao sétimo dan (póstumo). Mas Maeda nunca soube desta promoção, porque faleceu em Belém, em 28 de novembro de 1941. A causa da morte foi doença renal, sendo sepultado no cemitério Santa Isabel.
Em maio de 1956, um memorial para Maeda foi erguido em Hirosaki, Japão. Cerimônia de inauguração contou com a presença de Risei Kano e Kaichiro Samura.
Gracies
Em 1917 Carlos Gracie, 14 anos, filho do empresário da borracha Gastão Gracie, assistiu a uma demonstração dada por Maeda, no Teatro da Paz, e decidiu aprender o que na época era conhecido como "kano jiu-jitsu" (judô). [13]
Com apoio financeiro de Gastão, Maeda aceitou Carlos como estudante. Este passou, então, a ser um grande expoente da arte e, finalmente, com o seu irmão mais novo, Hélio Gracie, tornou-se o fundador do Gracie Jiu-jitsu, ou modernamente chamado de "Brazilian Jiu-jitsu" (BJJ) ou, "jiu-jitsu brasileiro". [14] Entre estes alunos, estava também Luiz França, que mais tarde seria mestre de Oswaldo Fadda. Ambos seriam os responsáveis pelo surgimento de outro ramo do jiu-jitsu no Brasil. [15]
Carlos Gracie.
Em 1921, Gastão Gracie mudou-se para o Rio de Janeiro com a família. Carlos, então com 17 anos, passou os ensinamentos recebidos de Maeda a seus irmãos: Osvaldo, Gastão e Jorge. Hélio era demasiado jovem e doente naquele momento para aprender a arte, e devido a uma imposição médica, foi proibido de tomar parte em sessões de treinamento. Apesar disso, Hélio aprendeu o kano jiu-jitsu (judô) posteriormente, com seus irmãos, logo após ter superando seus problemas de saúde e hoje é considerado por muitos como o fundador do brazilian jiu-jitsu (embora outros, como Carlson Gracie, têm apontado Carlos como o fundador). [14]
Helio Gracie.
De acordo com o livro de Renzo Gracie, Mastering Jujitsu [16], Maeda ensinou não só a arte do kano jiu-jitsu (judô) a Carlos Gracie, mas também ensinou uma filosofia acerca da natureza do combate, baseado em suas viagens competindo e treinando ao lado dos muitos lutadores, pugilistas, e outros praticantes de outras artes marciais que enfrentara. O livro mostra detalhes da teoria de Maeda, de que o combate físico poderia ser dividido em fases distintas. Assim, Maeda foi um lutador inteligente, que soube manter a luta, localizando a fase em que melhor adequasse suas próprias forças. O livro também declara, ainda, que esta teoria foi uma influência fundamental sobre as abordagens de combate do jiu-jitsu desenvolvido pelos Gracie. [16]
Como os irmãos Gracie, Luiz França estabeleceu-se no Rio de Janeiro, onde passou a ensinar jiu-jitsu na zona norte da cidade [17]. Em 1937, o então fuzileiro naval Oswaldo Fadda tornou-se seu aluno, recebendo a faixa preta em 1942 e abrindo sua academia no bairro de Bento Ribeiro oito anos depois [18]. Em 1954, Fadda fez um desafio, propondo a realização de lutas entre seus alunos e os da família Gracie. Nesta ocasião, os alunos do mestre Oswaldo Fadda venceram a maiorias das lutas contra os alunos dos Gracie. [19]
Etimologia
Literalmente, "jū" em japonês signfica “suavidade”, “brandura”, e "jutsu", “arte”, “técnica”. Daí seu sinônimo literal, “arte suave”.
O nome "jiu-jitsu" deriva de uma romanização mais antiga de sua grafia original no Ocidente; a moderna romanização Hepburn de柔 術é "jūjutsu".
Confusão no Nome
Quando Maeda deixou o Japão, o judô ainda era conhecido como "Kano jiu-jitsu", [3] ou, ainda mais genericamente, simplesmente como jiu-jitsu [4] [5]. Higashi, o co-autor de "Kano Jiu-Jitsu" [3] escreveu no prefácio:
"Alguma confusão surgiu sobre o emprego do termo 'judô'. Para esclarecer o assunto, direi que o jiudo é o termo escolhido pelo professor Kano para descrever seu sistema com mais precisão do que o jiu-jitsu. O professor Kano é um dos principais educadores do Japão e é natural que ele procure a palavra técnica que melhor descreveria seu sistema. Mas o povo japonês geralmente ainda se apega à nomenclatura mais popular e a chama de jiu-jitsu." [3]
Fora do Japão, entretanto, essa distinção foi observada ainda menos. Assim, quando Maeda e Satake chegaram ao Brasil em 1914, todos os jornais anunciavam sua arte como o "jiu-jitsu", apesar de ambos serem judokas do Kodokan.
Livro "Jiu Jutsu" de K. Yamanaka de 1918.
Foi somente em 1925 que o próprio governo japonês ordenou oficialmente que o nome correto para a arte marcial ensinada nas escolas públicas japonesas deveria ser "judô" ao invés de "jujutsu" [6]. No Brasil, a arte ainda é chamada de "jiu-jitsu". Quando os Gracies foram para os Estados Unidos e espalharam o jiu-jitsu, eles usaram os termos "Gracie jiu-jitsu" e os não-Gracies usaram o termo "Brazilian jiu-jitsu" para diferenciar os estilos já existentes usando nomes com sons semelhantes. Em entrevista a Yoshinori Nishi em 1994, Hélio Gracie disse que não conhecia a própria palavra judô até que o esporte chegou ao Brasil nos anos 1950, pois ouviu que Mitsuyo Maeda chamava seu estilo de "jiu-jitsu"..
Diferenças do Jiu Jitsu e Judo
Luta no chão (tachi-waza)
A principal diferença que podemos dizer é a metodologia do treinamento: em ambas as artes existem duas formas de combate, que no judô são chamadas de Tachi-waza (luta em pé) e Ne-waza (luta no chão).
O judô sempre colocou mais ênfase na prática de Tachi-waza (luta em pé). O Ne-waza (luta no chão) também é treinado, mas eles sempre dão prioridade à luta de pé.
No jiu-jitsu brasileiro, acontece exatamente o contrário: lutar no chão ou no ne-waza é muito mais desenvolvido do que lutar de pé. Os praticantes brasileiros de jiu-jitsu afirmam que há uma melhor chance de derrotar um adversário com o mínimo esforço enquanto estiver no chão do que de pé. Por esse motivo, o número de técnicas de luta no solo do jiu-jitsu brasileiro é muito maior que o do judô e com muito menos restrições.
Por sua parte, e como o judô se concentra mais no combate de pé, há um grande número de estratégias, combinações típicas desse desporto que são desenvolvidas em tachi-waza.
Regulamentos
O judô foi oficialmente incorporado aos Jogos Olímpicos em 1964 e desde então e até agora os regulamentos variaram consideravelmente, mas há regras básicas que não foram alteradas. Pode-se vencer um combate de judô de várias maneiras:
- projetar o seu oponente (levando-o ao chão com uma técnica) e que ele caia de costas no tatame. Isso é chamado de ponto completo ou Ippon e é uma vitória direta e termina a luta. Se, quando cai, apenas toca metade das costas no tatami, é um Waza-ari e conta como metade de um Ippon. Se dois waza-ari são alcançados, o combate é ganho.
- imobilizá-lo no chão e limitar o movimento do oponente por 20 segundos também é considerado ippon. Se ele estiver imobilizado por 10 segundos e o oponente escapar, a ação será contada como waza-ari.
- obter uma alavanca ou "estrangulamento" no chão ou Ne-waza e forçar o oponente a render-se também é considerado um ippon.
Apesar de ser capaz de obter uma vitória através de deslocamentos ou estrangulamentos da luta no chão, como também seria o caso de um torneio brasileiro de jiu jitsu, o judô se concentra mais em luta em pé ou em tachi-waza e quando os lutadores vão ao chão, eles devem executar as ações muito rapidamente ou o árbitro os colocará de pé novamente
O jiu-jitsu brasileiro tem uma história competitiva muito menor do que o judô. O judô é uma disciplina olímpica e o jiu-jitsu não.
As regras do Jiu-Jitsu é bem diferente: Pontos são ganhos por derrubar o oponente ou posições de controle de solo mantidas por pelo menos 3 segundos.
O combate pode ser terminado diretamente com um "finalização" que é simplesmente uma técnica de deslocamento ou estrangulamento para o oponente, para que ele seja forçado a se render. Existem deslocamentos permitidos nas articulações que não estão no judô, por exemplo, nos tornozelos e também outros tipos de técnicas que não são permitidas no judô, mas no jiu-jitsu são estrangulados diretamente com os braços sem o uso do kimono. Não é possível vencer uma partida de Jiu-Jitsu como no Judô simplesmente fazendo uma projeção e o oponente claramente caindo de costas para o chão.
Caso a partida termine sem que nenhum dos dois oponentes tenha atingido uma finalização, o competidor com o maior número de pontos acumulados vencerá.
- 2 pontos: são alcançados projetando o oponente, por raspados (giros ou inversões de posição no chão) ou mantendo a posição técnica do joelho na barriga.
- 3 pontos: por ultrapassar a guarda do adversário.
- 4 pontos: por levar as costas do oponente no chão e também para alcançar a posição de montadura.
Fontes
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jigoro_Kano
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mitsuyo_Maeda
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jiu-j%C3%ADtsu_brasileiro
https://www.graciemag.com/historia-do-jiu-jitsu/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jud%C3%B4
https://en.wikipedia.org/wiki/Judo
https://en.wikipedia.org/wiki/Brazilian_jiu-jitsu
https://www.roninwear.pt/as-3-principais-diferencas-entre-judo-e-jiu-jitsu-n-2134.html
Referências
- Hoare (2009) p. 56
- "Judo" had been used before then, as in the case of a jujutsu school that called itself Chokushin-ryū Jūdō (直信流柔道, Sometimes rendered as Jikishin-ryū Jūdō), but its use was rare.
- As evidenced by the title of the book Hancock, H. Irving; Higashi, Katsukuma (1905). The Complete Kano Jiu-Jitsu (Judo). New York: G. P. Putnam & Sons. p. 544. ISBN 978-0-486-44343-0.
- As evidenced by the title of the book Kano, Jigoro (1937). Jiu-Jitsu (Judo). Tokyo: Board of Tourist Industry, Japanese Government Railways. p. 59.
- As also evidenced by the title of the book Gregory, O. H.; Tomita, Tsunejiro (c. 1907). Judo: The Modern School of Jiu-Jitsu. Chicago.
- Motomura, Kiyoto (2005). "Budō in the Physical Education Curriculum of Japanese Schools". In Bennett, Alexander (ed.). Budo Perspectives. Auckland: Kendo World. pp. 233–238. ISBN 4-9901694-3-3.
- Virgílio, Stanlei (2002). Conde Koma - O invencível yondan da história. [S.l.]: Editora Átomo. pp. 22–25. ISBN 858758524X
- Japan Times, April 18, 1922, p. 5.
- Waterhouse, David. "Kanō Jigorō and the Beginnings of the Jūdō Movement," Toronto, symposium, 1982, pp. 169-178.
- Motomura, Kiyoto. "Budō in the Physical Education Curriculum of Japanese Schools." In Alexander Bennett, ed., Budo Perspectives. Auckland: Kendo World, 2005, pp. 233-238.
- Green, Thomas A. and Svinth, Joseph R. "The Circle and the Octagon: Maeda's Judo and Gracie's Jiu-jitsu." In Thomas A. Green and Joseph R. Svinth, eds. Martial Arts in the Modern World. Westport, Connecticut, 2003, pp. 61-70.
- Virgílio, Stanlei (2002). Conde Koma - O invencível yondan da história. [S.l.]: Editora Átomo. 57 páginas. ISBN 85-87585-24-X
- Saldanha, Ederson Flávio (2013). História e Evolução do Jiu Jítsu Brasileiro (PDF) (Tese de graduação). Universidade do Vale do Paraíba. p. 6;13. Consultado em 30 de setembro de 2020.
- Virgílio, Stanlei (2002). Conde Koma - O invencível yondan da história. [S.l.]: Editora Átomo. pp. 93–104. ISBN 85-87585-24-X
- «Thiago Merlo» - Mestre Fadda – A História Perdida do Brazilian Jiu-Jitsu. Página acessada em 31/07/2013.
- Gracie, Renzo (2003). Mastering Jujitsu. [S.l.]: Human Kinetics. ISBN 0736044043
- «Associação Fernandes de Jiu-Jitsu»[ligação inativa] - HISTÓRIA DO JIU-JITSU - A ARTE DAS TÉCNICAS SUAVES. Página acessada em 31/07/2013.
- «BJJ Heroes» - Biografia de Oswaldo Fadda. Página acessada em 31/07/2013.
- «Fadda Jiu-Jitsu» (em inglês). Consultado em 31 de julho de 2013. Arquivado do original em 15 de outubro de 2013 - The History of Fadda Jiu-Jitsu. Página acessada em 31/07/2013.
- Bortole, Carlos. "Muda a História. Após Longa Pequisa, o Amazonense Rildo Heroes Descobre a Verdadeira Versão Sobre a Chegada do Judô no Brasil." Judo Ippon I, 12, 1997, p. 10-11
- «História do Judô». Judodaunicamp.hpg. Consultado em 23 de janeiro de 2011
- Ancestry.com. New York Passenger Lists, 1820-1957 (database online). Year: 1921; Microfilm serial: T715; Microfilm roll: T715_3023; Line: 2.
Nenhum comentário:
Postar um comentário